Cultura Cooperativa: o que é e quais são os principais benefícios
Mais que um modelo econômico, o cooperativismo tem se apresentado desde o seu nascimento como uma filosofia de vida que busca a construção de um mundo mais justo, igualitário e feliz. Desta maneira, construir e estabelecer valores e missões é um passo importante para se criar uma cultura cooperativa que desenvolva essa forma de pensar a sociedade e suas relações econômicas.
Neste artigo vamos entender como a cultura cooperativa auxilia todos os envolvidos na construção de um sistema econômico mais colaborativo e inclusivo, que não estabelece grandes hierarquias e que busca prevalecer a ideia de bem comum entre todos os cooperados.
Vamos conhecer também os benefícios que esta cultura proporciona para os membros de uma cooperativa, parceiros comerciais e comunidades afetadas, ou seja, todos os envolvidos neste sistema socioeconômico que chegou para modernizar as relações de trabalho e estabelecer o conceito de sócio trabalhador.
Vamos nessa?
O que é cooperativismo?
Cooperativismo é um movimento econômico e social que nasceu na Inglaterra com o objetivo de ajudar um grupo de 28 pessoas a negociar a compra de alimentos e outros produtos perante os fornecedores, criando assim a primeira cooperativa que temos notícia.
O conceito de modelo de negócio surge com o propósito de colaborar entre indivíduos que, individualmente, não dispunham das condições necessárias para adquirir esses produtos essenciais à sobrevivência. Ao se unirem, obtiveram uma capacidade coletiva de negociar preços com fornecedores e de redistribuir os benefícios a todos os participantes envolvidos.
O cooperativismo nasce desta ideia, de se contrapor à lógica capitalista, que visa somente o lucro, e de buscar a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, onde mais pessoas consigam viver dignamente com a força do seu trabalho.
As cooperativas também inauguram o conceito de cooperados como donos do negócio. Aqui, cada membro é dono e usuário da sociedade, tendo direito a voto e a voz em todas as questões relevantes para o desenvolvimento do cooperativismo.
Essas características acabam por ajudar a construir uma cultura cooperativa que ao menos busca criar um modelo socioeconômico sustentável, mais justo e que consiga dividir o bolo com muito mais pessoas.
Cultura cooperativa
A cultura cooperativa é o conjunto de características que compõem este movimento social e econômico que objetiva desenvolver relações mais justas e voltadas para o bem comum de todos os cooperados.
Este conjunto de ações, comportamentos e regras se contrapõem muitas das vezes com os ideais pregados pelo sistema mercantilista que visa o lucro e o enriquecimento de poucos. Ou seja, enquanto um quer o bolo dividido somente pra poucas pessoas, o outro quer que a divisão deste bolo seja feita para o máximo de pessoas possíveis.
São culturas e modelos diferentes, e ambas possuem importância na nossa sociedade atual.
Mas como poderíamos descrever a cultura cooperativa a partir de exemplos diretos?
Vamos entender agora.
O principal é o homem
Na cultura cooperativa o elemento principal é o homem, é da força humana que nascem todas as possibilidades de vida e de crescimento socioeconômico. O cooperativismo existe para melhorar a vida das pessoas, envolvidas direta e indiretamente no trabalho. O homem é o centro de uma relação de trabalho baseada na ajuda mútua, no bem comum e na justiça social.
Na lógica mercantil é o capital que se torna o elemento central e principal. O dinheiro e o lucro estão acima de qualquer ideia de justiça, igualdade ou promoção de direitos humanos.
Cooperado é dono
A cultura cooperativa trabalha com a ideia de que todos os cooperados são também donos do negócio, criando um vínculo muito mais estreito e produtivo entre pessoa e trabalho. Quando você sabe que a sua força de trabalho será empregada para seu benefício direto e de seus companheiros, a sua relação com o negócio muda, criando um vínculo muito maior.
Dentro do contexto mercantil, encontramos um pequeno grupo de proprietários que se dedicam a comercializar seus produtos e serviços junto aos consumidores, movidos primordialmente pelo propósito de obter lucros. Nesse cenário, estabelece-se uma hierarquia distinta, na qual esses proprietários, em número limitado, ocupam uma posição superior na estrutura, enquanto a ampla gama de colaboradores empenha seus esforços em troca de remuneração.
Controle democrático
A cultura cooperativa prevê o desenvolvimento de uma gestão democrática, onde todos os cooperados tem voz e poder para direcionar as ações do negócio.
Uma das bases do cooperativismo é a democracia, conceito que podemos ver em muitos dos princípios que a regem. Ampliar o poder para todos é uma regra básica que dá o tom no mundo cooperativista e que faz este modelo de negócio ser sustentável, justo e igual, onde o social se sobrepõe ao financeiro.
Se pensarmos no modelo capitalista, o controle do negócio está nas mãos de poucos e o seu parâmetro é majoritariamente financeiro e quase nunca social.
Envolve as comunidades ao redor
Um dos pilares da cultura cooperativa é o de proporcionar o bem estar social não só para os cooperados, mas também para as comunidades que vivem em seus entornos. Uma cooperativa que não desenvolve trabalhos para melhorar a vida das pessoas que vivem próximas está indo na contramão do espírito cooperativista.
Não é possível criar um ambiente digno e justo para os membros de uma cooperativa e não ampliar para as comunidades que fazem parte. Este é um dos elementos mais importantes da cultura cooperativista, a ideia de que promover o bem só é válido se os beneficiários forem todos.
Em contrapartida, a lógica mercantilista tem como base a busca pelo lucro, e qualquer ação social é optativa.
Quais os benefícios em desenvolver a cultura cooperativa?
Vimos até agora que a cultura cooperativa representa todos os valores e missões que o cooperativismo construiu desde o seu nascimento.
Também observamos a necessidade em ampliar esses conhecimentos para novas gerações, para que o ideal cooperativista sempre se desenvolva e amplie as suas ações.
Um dos benefícios mais visíveis do incentivo à cultura cooperativa é a criação de um movimento social e econômico mais justo, igual, plural e que visa somente o bem comum e a ajuda mútua para a melhora da vida de todos os envolvidos.
Esses princípios por si só já demonstram que a cultura cooperativista é muito benéfica para a sociedade.
Porém, há ainda mais aspectos a serem entendidos:
Participação e colaboração
A cultura cooperativista promove em seus princípios comportamentos que incentivam as pessoas a serem mais colaborativas e participativas, gerando assim relações pessoais e sociais mais saudáveis, produtivas e visando um bem comum. A colaboração mútua é uma das bases desse modelo que busca construir relações mais humanas e dignas.
Todos juntos por um objetivo comum
Ao considerarmos o caso dos 28 tecelões que estabeleceram a primeira cooperativa com o propósito de viabilizar a aquisição de alimentos e itens essenciais para sua sobrevivência, ressalta-se a noção central de que a união em prol de um objetivo comum é uma empreitada válida e produtiva, gerando resultados tangíveis e simbólicos.
Como incentivar a cultura cooperativa
A cultura cooperativa precisa ser incentivada e promovida diariamente e é um dever de todos que trabalham no setor fazerem a sua parte.
São muitas as ações que podem ser utilizadas para promover a cultura cooperativista, veremos algumas delas:
Capacitação
Uma das ações mais produtivas para se promover a cultura do cooperativismo é a capacitação contínua de todos os cooperados e dos habitantes que moram nas comunidades no entorno de cada uma destas. É uma responsabilidade promover estas ações que capacitam as pessoas a entenderem os ideais e princípios do cooperativismo para que possam reproduzir e sempre os manter ativos.
Ações voluntárias nas comunidades
Uma das grandes preocupações dos cooperados é com a criação de novas gerações de pessoas que se interessam pelos princípios cooperativistas. Neste sentido é importante construir ações nas comunidades, visando sobretudo a educação de crianças e jovens para o entendimento do espírito cooperativista.
Projetos educacionais
Já percebemos aqui o quanto a educação tem um papel fundamental para o incentivo da cultura cooperativa, não é verdade?
Isso porque é por meio da educação que se constroem novas gerações de cooperados, ainda mais capacitados, e conscientes de seu papel no mundo. Por isso, é tão importante que cooperativas invistam em escolas e projetos educacionais para seus cooperados e para as comunidades que a cercam.
Intercooperação
Outra ação estratégica e muito rica para incentivar a cultura cooperativista é a intercooperação, ou seja, a parceria entre duas ou mais cooperativas para desenvolverem projetos e ações em comum.
Essa dinâmica é significativa, pois reúne as competências individuais de cada participante, promovendo uma troca de conhecimentos que beneficia tanto os envolvidos quanto fortalece o movimento cooperativista em sua totalidade.
Conclusão
Conhecemos um pouco mais sobre o cooperativismo, esse movimento socioeconômico que surge para criar bases para um modelo mais inclusivo, justo e igualitário.
Vimos o quão importante é construir e manter uma cultura cooperativa entre todos os envolvidos e educar para que as novas gerações consigam avançar ainda mais na evolução dos princípios cooperativistas.
Leia outros conteúdos como este em nosso blog.
Posts Relacionados
Ver Categoria >
Cooperativas
Cooperativa de saúde: O que são? Quais benefícios? Quais as principais características deste...
Neste artigo vamos entender o que é uma cooperativa de saúde. Vamos entender a sua importância para o país e conhecer os principais benefícios que elas oferecem.

Cooperativas
Diferença Entre Cooperativa e Empresa Capitalista
Neste artigo veremos todas as diferenças entre cooperativa e empresa capitalista, distinções que vão desde as suas origens, até as finalidades que cada uma delas possui.

Cooperativas
Sustentabilidade econômica: Conheça Relação com o Cooperativismo
Neste artigo vamos entender como o conceito de sustentabilidade econômica se relaciona com esse pensamento cooperativista.