A relação entre ensino e aprendizagem vem passando ao longo dos anos por um processo contínuo de evolução, revolução e reformulação. Pensar na sala de aula como único pilar para a educação se tornou ideia ultrapassada e atualmente termos como ensino híbrido e metodologias ativas ganham cada vez mais espaços nos debates pedagógicos Brasil afora.

Neste artigo veremos como o ensino híbrido ganhou força entre educadores, sobretudo no mundo pandêmico. Veremos seu significado, benefícios e como implementar esta ideia no dia a dia. Além disso, veremos como as metodologias ativas vêm despertando cada vez mais interesse entre pesquisadores da educação, que a sinalizam como novas abordagens para o 'fazer educação'.   

Como nasce o ensino híbrido

O modelo tradicional de ensino e aprendizagem vem sendo criticado há bastante tempo por educadores e pessoas que pensam a educação no Brasil. A principal crítica vem da forma como o conhecimento é passado, de forma unilateral, onde o professor é o detentor da informação e o estudante é o ouvinte, precisando ouvir, decorar, para quem sabe aprender. 

O pilar deste tipo tradicional de ensino é a sala de aula, que já não é mais vista como único espaço propício ao aprendizado. Dessa maneira nascem ideias e novas abordagens de ensino, dentre os quais o chamado ensino híbrido.

O ensino híbrido

O ensino híbrido então é uma nova metodologia de ensino, que mescla a aprendizagem presencial com a remota, reformulando o processo de ensino, e trazendo o aluno para um papel que sempre deveria ter sido seu, que é o de protagonista de sua experiência educacional.

O modelo de ensino ganha força principalmente com a evolução das tecnologias, que permitiram inserir novas ferramentas no processo de aprendizagem. Notebooks, celulares, tablets e similares passam a fazer parte da jornada pedagógica dos estudantes, oferecendo novas possibilidades e abordagens educativas.

Estudante protagonista

Este modelo ganhou ainda mais espaço por conta da mudança de perspectiva que ele trouxe, transformando o estudante em protagonista de seu processo de aprendizagem, cabendo ao professor o papel de intermediário, de um mentor que está ali para dialogar e fomentar discussões e debates que fomentem o processo de aquisição de conhecimento.

Os benefícios do ensino híbrido

Os benefícios observados tanto na teoria quanto na prática são inúmeros, e é por conta desses benefícios que o ensino híbrido tem se transformado em uma importante forma de aprendizagem para estudantes. Podemos entender como pontos positivos:

Uso de ferramentas digitais

Estamos na era tecnológica, e cada vez mais crianças já crescem dominando termos como smartphones, internet e games.

Assim, nada mais lógico e estratégico que inserir esses elementos no processo de aprendizagem, modernizando o método de ensino, gerando mais engajamento por parte dos alunos e transformando-os em agentes digitais, prontos para as demandas do mundo atual, cada vez mais refém de tecnologias.

Processo de aprendizagem mais eficaz

O que vemos no ensino híbrido é uma junção entre modelos mais tradicionais com outros mais inovadores. 

Eles se complementam, e por isso acabam transformando o processo de aprendizagem como um todo em algo ainda mais completo e eficaz. 

O ensino híbrido não tira a importância da sala de aula e nem do professor, mas cria novas abordagens onde o estudante tem um papel ainda mais estratégico e outros espaços ganham força como novos espaços de aprendizagem.

Autonomia do estudante sobre o próprio aprendizado 

Aqui reside o ponto que mais gera evolução nas novas abordagens pedagógicas. Os alunos nestes novos modelos são gestores e protagonistas de seus processos de aprendizagens. 

O professor acaba sendo um intermediador e incentivador do conhecimento, e deve criar espaços e oportunidades para que os alunos pensem por si mesmos, busquem pesquisar, criem modelos personalizados de aprendizado e seja o personagem principal de sua jornada como estudante. 

Flexibilidade de tempo e de ambiente

Continua sendo importante e vital o contato do estudante com os seus colegas e com seus professores, em um ambiente como sala de aula. Contudo, aqui inserimos novas possibilidades complementares que dão mais flexibilidade de tempo e de espaço. 

Uma das principais vantagens do ensino híbrido é permitir que os alunos tenham essa liberdade de aprendizado, podendo gerar conhecimento em casa, na sala ou em qualquer outro espaço, e não somente naquele tempo pré-definido de sala de aula, mas a qualquer momento do dia.

Desafios para o ensino híbrido

Um dos grandes desafios do ensino híbrido e metodologias ativas recai sobre o investimento que é necessário fazer para inserir novas tecnologias dentro do processo de aprendizagem. É um modelo que demanda custos e o investimento é necessário, para que o processo não gere uma reprodução das desigualdades sociais vividas pelo país já há séculos.

Outro desafio é criar um ambiente motivador para professores e educadores, que devem entender o seu novo papel nesse modelo de ensino. O ensino híbrido e metodologia ativas demandam que professores se interessem pela mudança de perspectiva que este tipo de aprendizado gera.

Como implantar o ensino híbrido

Para implantar o ensino híbrido no ambiente escolar é necessário uma série de mudanças. É importante uma mudança na infraestrutura da escola, na formação dos professores, na estrutura pedagógica de ensino, no currículo, nas práticas de ensino, dentre outras mudanças.

O investimento em tecnologia se faz necessário, até mesmo porque a tecnologia anda lado a lado com o ensino híbrido.

As metodologias ativas de ensino  

Dentro deste novo modelo de ensino híbrido, que repensa o processo de aprendizagem e também busca novos focos e perspectivas, as metodologias ativas ganham destaque, por complementarem de modo bastante eficaz esse novo método.

O termo metodologia ativa já entrega grande parte de seu significado, trazendo ferramentas de aprendizagens ativas, contrapondo àquelas mais tradicionais, onde o professor está na sala de aula escrevendo na lousa e o aluno está copiando em seu caderno.

Desta forma, vemos agora professores e alunos trabalhando em conjunto para a construção de modelos eficazes de conhecimento. A metodologia ativa é um meio utilizado pelo professor para que seu aluno, junto com ele, pratique ações para construir caminhos até o conhecimento.

Qual o objetivo das metodologias ativas 

O principal objetivo das metodologias ativas de ensino é estimular o aluno que estava acomodado dentro do sistema tradicional de ensino e aprendizagem a sair deste espaço e buscar novas perspectivas, além de novas formas de aquisição de conhecimento. 

Utilizando um termo já usado por aqui, as metodologias ativas incentivam o estudante a ser protagonista do processo de ensino e aprendizagem. 

O estudante que já está acostumado com o ensino tradicional - onde ele entra em uma sala, depois senta em uma cadeira, abre o livro e começa o processo de decorar e escutar - terá agora que construir, a partir do trabalho do professor, novas abordagens de aprendizado para a sua jornada de conhecimento.

Características das metodologias ativas de aprendizagem

• Participação ativa do estudante no seu processo de aprendizagem. Esta é a principal característica das metodologias ativas. O protagonismo deve ser do aluno no processo de ensino e aprendizagem;

• Práticas que englobam tecnologia e educação. Não dá para negar o poder das novas tecnologias no mundo atual, e a educação tem o papel estratégico de construir a ponte perfeita para que alunos consigam gerir de modo construtivo, evolutivo e benéfico às tecnologias como fonte de conhecimento.

• Professor como mediador e facilitador do processo de aprendizagem. Um dos maiores desafios é justamente esse, de criar um ambiente rico e propício para que o professor exerça a função estratégica de mediar e incentivar a produção e aquisição de conhecimento por parte do aluno.

• Conteúdo com linguagem próxima da realidade do estudante. Não precisa muita observação para entender que toda a estrutura tradicional de ensino e linguagem ficou defasada com o passar do tempo, e principalmente, com o nascimento das novas gerações de alunos. Essas novas gerações são acostumadas com as linguagens das redes sociais e da nova internet.

Tipos de metodologias ativas

Podemos pensar em diversos tipos de metodologias ativas, mas para começar a lista vamos utilizar do conceito já usado neste artigo, que é o de ensino híbrido.

Além do ensino híbrido, temos outros tipos de metodologias ativas de aprendizagem, como:

Gamificação 

A gamificação consiste em aplicar elementos de jogos no processo de aprendizagem. Um dos métodos mais interativos e inteligentes, a gamificação gera maior engajamento, transformando o estudante em parte essencial no processo de aprendizagem, criando possibilidades lúdicas de ensino.

Aprender na prática

Botar a mão na massa. Sim, esse é um dos lemas desta metodologia de ensino, que busca trabalhar com elementos práticos do dia a dia, facilitando a compreensão do estudante no processo de troca de conhecimentos. 

Promoção de espaços de debates e discussões

Fóruns, seminários, dentre outras possibilidades e espaços de discussões criam momentos propícios para que estudantes pensem, argumentem e defendem seus pontos de vista sobre os acontecimentos que geram conhecimento. Não há nada mais enriquecedor para o processo de aquisição de conhecimento que a troca de ideias entre estudantes e professores.

Storytelling

Storytelling é a habilidade de contar história. É um dos tipos mais eficazes de metodologias ativas de aprendizagem. Isso porque construir histórias demanda alto poder de raciocínio, de criatividade, e por isso o professor deve contar com a ajuda dos alunos em todas as fases do processo.

Conclusão

A educação mudou, evoluiu e você, seja professor, educador ou parte desse processo, tem o dever de rever conceitos e estar apto a aprender novas abordagens de ensino, mais condizentes com o mundo atual, globalizado e tecnológico.

Entender o funcionamento de metodologias ativas, e entender como nesse processo se insere o ensino híbrido, é função primordial para o educador do século XXI. 

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