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Negócios sustentáveis estão em empresas que aprendem

Há muito o mundo corporativo clama por práticas de gestão sustentável dos negócios (desde marcos como o Relatório de Brundtland em 1987, seguidos de movimentos de advocay pelo tripé socio-econômico-ambiental no mundo institucional, público, civil e empresarial)  e os empreendedores parecem ter fechado os olhos, extraindo o último fio d´água da fonte até que a coisa ficasse realmente feia. E esse momento é agora. 


As práticas dos negócios sustentáveis vinham em sua maioria para compor um discurso "embelezador" da operação das indústrias e serviços, isso quando não uma exigência legal ou uma ação de mitigação de impacto negativo. 


O ponto é que o mundo já aprendeu que não há mais como investir sem considerar o controle e a inversão do impacto que a atividade predatória do homem realiza na Terra em função da atividade econômica. Essa conta não fecha, pois em seguida o planeta corta recursos, nos deixa reclusos e doentes dentro de casa, condicionando e disciplinando-nos a operar em sintonia com ele, ou a nossa extinção será certa. Não há outra hipótese. 


E aí, finalmente, no fim da linha, parece que o discurso dos "eco-chatos" alcança a cognição da ganância: nunca foi questão de salvar o planeta, mas questão de salvar-nos a nós mesmos.

 

É preciso pensar negócios com impacto positivo 


Pensar, portanto, negócios no mundo em que as questões climáticas são urgentes, em que as economias desabam pós pandemia, em cenários extremamente desiguais, como acontece dentro do Brasil, significa pensar atividades que em sua natureza deixem impacto positivo. 

Os chamados "negócios de impacto" pensam desde os produtos aos processos de forma inclusiva, com um relacionamento equilibrado com toda a sua cadeia de valor, e stakeholders. Esses certamente serão os negócios mais perenes e seguros (sustentáveis), e por isso os mais bem avaliados pelos investidores. 

Os critérios ESG 


O movimento ESG (a sigla em inglês para "environmental, social and governance" = ambiental, social e governança, em português) pautando investimentos mais responsáveis, como uma condição para o atingimento da  Agenda 2030 finalmente chega ao Brasil carregando uma força como nunca antes. 

O mercado está desperto para o risco dos investimentos de médio e longo prazo quando não consideram as variáveis de sustentabilidade. E no paralelo muitas mobilizações organizadas pela sociedade civil e setores parceiros enfatizam e realçam o momento. 

Os investimentos que consideram então as três dimensões risco-retorno e impacto positivo, "têm uma leitura mais completa do ambiente em que estão inseridas, e conseguem, por isso, ser negócios mais robustos, com maior relevância para a sociedade e, consequentemente, tendem a gerar retornos melhores" (Daniel Izzo, cofundador da Vox Capital). 

Os critérios ESG – cuja função é fundamentar o processo de análise e seleção dos investimentos – são:

E – Environmental (Ambiental): Como a empresa usa sua eficiência de energia, descarta lixo, emissões de gases de efeito estufa (CO2, gás metano) e se contribui para mudanças climáticas, como se dá o uso de recursos naturais, qual a poluição, gestão de resíduos e efluentes, etc. 
S – Social: Direitos dos colaboradores, cuidados com a segurança no trabalho, diversidade no quadro de funcionários, relacionamento com a comunidade, políticas e relações de trabalho, inclusão e diversidade, engajamento dos funcionários, treinamento da força de trabalho, direitos humanos, privacidade e proteção de dados, etc. 
G – Governance (Governança): Sistema de políticas e práticas pelas quais as empresas são direcionadas e controladas, diversidade no conselho, metodologia de contabilidade, política anticorrupção, independência do conselho, política de remuneração da alta administração, estrutura dos comitês de auditoria e fiscal, práticas de ética e transparência, etc. 

Independentemente da abordagem escolhida para se produzir e, em seguida, mensurar a qualidade da gestão ambiental, da governança e da responsabilidade social, daqui para frente os investidores precisarão considerar os fatores ESG para que tenham uma visão e gerenciamento mais sistêmico dos riscos e estejam investidos em empresas capazes de sobreviver ou se adaptar ao futuro que está se moldando, um futuro baseado em uma economia de baixo carbono, inclusiva, transparente e orientada à prosperidade das várias partes interessadas, como bem disse a Marina Cançado para InfoMoney. 

As tendências dessa gestão sustentável para 2021 adiante


Em uma matéria para a Forbes, David Hessekiel buscou uma variedade de líderes estratégicos e perguntou sobre as tendências da gestão de responsabilidade social para 2021. E um apanhado do que apareceu ali é o seguinte:
    • Um novo foco no envolvimento corporativo com um planeta saudável. 
    • Geração Y com seu compromisso maior com a sustentabilidade. 
    • Ações sociais com vínculo mais explícito com a marca, os produtos, serviços e recursos da empresa.
    • Alguns fundos serão transferidos para apoiar questões sociais pós-Covid altamente relevantes.
    • Top assuntos abordados: #diversidade, #equidade e inclusão, #saúde, #justiça social, #novos medicamentos e pesquisas médicas, #segurança pessoal e #bem-estar geral, #apoio à saúde mental, #resiliência da comunidade, #habitação, #apoio para pequenas empresas, #educação STEM para promover inovação.
    • Alianças com parceiros sem fins lucrativos que podem fornecer suporte nas ações emergenciais, bem como projetos com mudanças transformacionais de longo prazo. 
    • Maior investimento em parcerias genuínas, multidimensionais e duradouras.  
    • Inovação tecnológica para promover e facilitar mais filantropia e caridade. 


      Tudo isso dentro de um mercado em que a pressão vem de múltiplas vias: dos investidores que levam o ESG como critério, dos consumidores que estão cada vez mais consciente e "canceladores", a regulamentação que força as empresas e os investidores a aderirem aos critérios ESG e o quanto empresas com todo esse complexo rendem mais. 


      Gestão sustentável é para empresas de qualquer porte 



      Vale dizer que isso não se aplica apenas às grandes empresas. Paras as pequenas e médias isso também é verdade. E muito dos pequenos empreendimentos e startups já estão sendo concebidos, desde o início, com o seu impacto socioambiental (quando até já não nascem mesmo, justamente, com objetivo de resolver uma questão social e do meio ambiente). 

      É por isso que se você faz parte de uma empresa mais tradicional, o convite para um relacionamento respeitoso e não predatório é mandatório. 


      E olha  "não precisa inventar muito a roda não" de princípio basta ser ético, e depois ir percebendo, e consolidando, como as relações de ganha-ganha, por meio de um negócio colaborativo, te transformam em uma empresa mais próspera e resiliente. 


      O consumidor do futuro e suas demandas por sustentabilidade 



      Segundo a pesquisa realizada pela consultoria de negócios WGSN, com o título "O consumidor do futuro 2021", a sua estratégia de negócios deve levar em consideração as adaptações às mudanças climáticas, como já dito, à gentrificação, o envelhecimento da população, o fim do excesso, o aumento das automações e da inteligência artificial, o aumento das desigualdades sociais e a China enquanto líder mundial.


      Esses consumidores do futuro, parte da pressão para as transformações atuais - os Millennials e Generation Z-ers (nascidos após meados da década de 1990) - são aqueles que agora estão ingressando na força de trabalho e no mercado consumidor (40% de todos os consumidores globais em 2020).


      Em resumo, eles exigem tecnologias melhores e mais fáceis de usar, maior flexibilidade como um todo, mais liberdade de escolha, assim como graus de aceitação e transparência dentro do ambiente de trabalho e no comportamento da empresa com o mercado.


      De acordo com essa pesquisa da PWC dinheiro não é tudo, a geração dos millennials é atraída por empregadores que podem oferecer mais do que apenas bons pagamentos, mas também práticas éticas (15%) e boa reputação (36%), que são alguns dos fatores que influenciaram para decidirem seus trabalhos atuais. Ou seja, ainda tem isso, você precisa ainda engajar os talentos que poderão querer ou não trabalhar para você, ou melhor. com você. 


      O engajamento e o "desengajamento" das novas gerações 


      O engajamento é a capacidade desse público de se identificar com a cultura da empresa, comprar sua estratégia, trabalhar junto, se relacionar como cliente e até mesmo recomendar os seus produtos e serviços.


      De acordo com a Santo Caos o engajamento é "o conjunto de conexões racionais e emocionais entre pessoas e instituições, causas ou marcas, que gera resultados positivos para ambos".

      É nessa relação de ganho mútuo, prosperidade conjunta, de um caminho justo, que navega uma estratégia sustentável e de responsabilidade social.


      Se, como diria Peter Drucker, "a cultura corporativa come a estratégia no café da manhã" e uma cultura responsável, em sintonia com os valores dos millennials, tem uma estratégia socialmente responsável, não vale a pena despender energia em outro sentido. É preciso incorporar a responsabilidade de longo prazo e o imediatismo come cru.

      E se não for por bem, há o risco de gerir crises e arcar com o custo do "desengajamento".


      Segundo a mesma pesquisa da PWC, os funcionários mais comprometidos com as suas empresas colocam 57% mais esforço no trabalho e são 87% menos propensos a pedir demissão do que os funcionários que se consideram desinteressados.


      Na consequência desse dado, com base nos resultados do relatório State of the American Workplace, estima-se que funcionários ativamente desligados custam aos EUA, por exemplo, entre US$ 483 bilhões a US$ 605 bilhões a cada ano em perda de produtividade. Olhe para a legislação trabalhista do Brasil e faça cálculos para o cenário nacional também.


      De acordo com a Brand Minds a "Cultura do Cancelamento" ou "Cultura da Exclusão" também é uma tendência de comportamento do consumidor para 2021. É uma tendência no comportamento do consumidor que se tornou cada vez mais visível após as últimas mudanças numa sociedade que clama por diversidade no mundo dos negócios. 


      Embora alguns casos sejam controversos, os casos de "cancelamento" aumentam o conhecimento sobre as práticas e processos que algumas marcas adotam. Os consumidores estão de olho e as práticas de responsabilidade social precisam abranger toda a cadeia produtiva, bem como todos os processos. Assim também os relacionamentos com os públicos interno (colaboradores) e externos(sociedade) precisam adotar severos padrões de ética e transparência. 


      A internet baixou a lupa dos consumidores sobre a cultura organizacional e os modos de produção. Prezar pela ética e pelos negócios responsáveis sempre, de A à Z é o segredo. 


      A experiência do cliente



      Ou seja, compõe agora a experiência do cliente como a sua empresa faz negócios, isso faz parte da sua experiência enquanto consumidor e isso também é uma tendência para 2021. 
      Segundo a Customer Think, desde o início do COVID, 59% dos consumidores se preocupam mais com a experiência do cliente quando decidem em qual empresa apoiar ou comprar, contra 38% se importam da mesma forma que antes do COVID (o que era muito).

      Segundo o site "a experiência do cliente ditará as compras em 2021+" e tem mais a ver com relacionamentos do que transações.

      O cliente 2021 presta atenção em você como marca. Eles procuram ver o quão empático você realmente é. Hoje, hóspedes de hotéis e spas de luxo perguntam aos funcionários como eles foram tratados pelo empregador" (...) "Você está sendo avaliado na escala humana mais do que nunca. Como resultado, sua proposta de valor é avaliada em COMO você faz seus negócios". (Fonte: https://customerthink.com/2021-customer-experience-trends-and-tactics/)

      Como se preparar para tudo isso? 



      Se você não está preparado para isso, é hora de buscar as pessoas especializadas que podem te ajudar a conduzir, adaptar e aprender com você as melhores práticas para o seu negócio. 

      Certamente você e seu negócio têm uma vocação para transformação. E o fato é que, aprendendo com as adversidades sabemos que vale a pena empreender com um sentido para o bem comum. Afinal, todos queremos estar, viver, conviver e produzir num mundo melhor e mais próspero. 


      E como eu costumo dizer, ou como diria o autor VOZES, Cabeça da Minha: "só se prospera num contexto próspero". : )

      Por isso, seja uma organização que aprende, renda-se às mudanças e se adapte. Pois ser solidário é ser inteligente, e ser flexível é ser resiliente. 

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      Por Bruno Barcelos Morais, gestor de projetos de sustentabilidade 


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      Negócios sustentáveis

      20/04/2021

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