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Cooperativismo no Brasil: Conheça a história desse incrível movimento social e econômico

O cooperativismo teve início na Inglaterra, em 1844, quando um grupo de 28 pessoas se reuniu para montar um armazém e assim buscar condições mais favoráveis para negociar e comprar alimentos. 


O ideal cooperativista, de alternativa ao capitalismo, atravessou o oceano e pouco tempo depois chegou ao Brasil, com o mesmo espírito. Essa é uma história que envolve muito trabalho, vontade de mudar o mundo e outras coisas mais.


Neste artigo vamos conhecer como o cooperativismo chegou ao Brasil e ganhou espaço ao longo do tempo, representando hoje em dia uma grande fatia da economia brasileira, contribuindo e muito para o sucesso dos nossos negócios no exterior e sendo responsável por grande parte do consumo interno, seja de produtos, seja de serviços.


Como o cooperativismo chegou ao Brasil?

Se pensarmos na cultura da cooperação por si só, podemos então afirmar que o cooperativismo chegou ao Brasil há muitos séculos, mais precisamente por volta de 1610, com os jesuítas que fizeram de suas missões no sul do país exemplos da cultura colaborativa, através do incentivo de uma comunidade solidária baseada no trabalho coletivo e na ideia de prezar pelo bem estar de todos.

A Sociedade Econômica Cooperativa dos Funcionários Públicos de Minas Gerais 

Esses ideais são cooperativistas, porém o primeiro caso mais formal de cooperativismo no país surge bem depois do nascimento do cooperativismo inglês, em 1844. Estamos em 1889 e a cidade é Ouro Preto, em Minas Gerais. Lá a Sociedade Econômica Cooperativa dos Funcionários Públicos de Minas Gerais foi criada e se transformou em nosso primeiro caso oficial de cooperativismo no país.


A cooperativa de Ouro Preto era focada no consumo, e foi bem sucedida ao ponto de incentivar a criação de outras pelo Brasil afora.  Assim, estados como Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul seguiram o exemplo dando início ao surgimento do ideal cooperativista no país.


A primeira cooperativa de crédito surge em 1902


Entre 1889 e 1902 surgiram outras cooperativas no Brasil, no setor de consumo, e nos estados já mencionados. Em 1902, entretanto, surge um fato novo para a história do cooperativismo brasileiro.


Neste ano o padre suíço Theodor Amstad fundou o que seria a primeira cooperativa de crédito do Brasil: a Sicredi Pioneira, que ainda está em atividade. Com sede em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, a cooperativa tinha como objetivo inicial ajudar a melhorar a vida dos moradores da cidade, que tinham dificuldades para lidar com as economias, já que não havia nenhum banco na cidade.


A criação da Sicredi motivou a criação de muitas outras cooperativas de crédito, como a de Bom Princípio (1903), Lajeado (1906) e São José do Herval (1907).


O cooperativismo agropecuário surge


Mais alguns anos depois do surgimento da primeira cooperativa de crédito, um novo setor entra de vez no movimento cooperativista, setor esse que é atualmente um dos mais estratégicos para o Brasil, tanto no mercado interno quanto no mercado internacional.


Estamos falando do nascimento das cooperativas agropecuárias, que surgem a partir de 1096, idealizadas por produtores rurais e por imigrantes, especialmente de origem alemã e italiana. 


Os imigrantes chegavam ao país já com a cultura cooperativista enraizada, através da disposição de se trabalhar em equipe, a experiência do trabalho familiar e comunitário e uma cultura que já havia experimentado situações similares ao cooperativismo.

Um caso isolado de cooperativa agropecuária

Há de se destacar que tivemos alguns modelos de cooperativa no setor agropecuário, como em 1887, somente três anos após a criação da primeira cooperativa no mundo. Essa cooperativa existiu numa colônia no Paraná. 


Porém, o cooperativismo agropecuário chegou de vez no Brasil em 1907, em Minas Gerais por iniciativa do então governador João Pinheiro, com o objetivo de reduzir a intermediação de produtos agrícolas.


O cooperativismo brasileiro nas primeiras décadas do século XX


Entre o surgimento das primeiras cooperativas agropecuárias no Brasil, em 1907, e o fim da década de 1960, o ideal cooperativista no Brasil foi sendo implementado e reforçado, mas ainda sem um esquema profissional e aperfeiçoado. 


O que víamos eram casos e mais casos de cooperativas criadas por pessoas com problemas, desejos e interesses em comum, mas sem uma cultura cooperativista.


Foi somente em 1969 que tivemos um novo marco no universo das cooperativas, e que serviria para alavancar de vez o cooperativismo no Brasil.


A criação da OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras  


Esse marco histórico aconteceu no dia 2 de dezembro de 1969, com o nascimento da primeira entidade representativa do movimento cooperativista no Brasil.


Nesse dia tivemos a criação da OCB, a Organização das Cooperativas Brasileiras, que nasce com a função de representar e defender os interesses das cooperativas brasileiras e fomentar o cooperativismo no país. A OCB nasce após um consenso durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo.


Esse é o primeiro fato que eleva o Brasil ao status de grande ator no mundo cooperativista. Ela nasce como sociedade civil e sem fins lucrativos, com neutralidade política e religiosa.


Podemos questionar o nascimento tardio da OCB, que precisou de meio século para vir a ser formada. Porém, não há dúvidas que a sua criação deu um novo ânimo para a cultura cooperativista no país, que desde então não parou de crescer, transformando num dos maiores atores globais da cultura cooperativista.


A regulamentação da atividade cooperativista


Dois anos após a criação da OCB, tivemos um novo fato relevante que transformou o movimento cooperativo e deu força para o cooperativismo brasileiro.


Estamos falando da Lei 5.764/71, de 1971, que ajudou a disciplinar a criação de cooperativas no Brasil.


A legislação, entretanto, limitou também a autonomia dos cooperados, interferindo na criação, funcionamento e fiscalização das instituições. Criou-se um problema jurídico que só teve final em 1988, com o surgimento na nova Constituição Brasileira, já no período do retorno democrático.


A constituição de 1988 coibiu a interferência do Estado e deu novamente para as cooperativas o poder de autogestão. Era mais que natural esta decisão, já que neste momento o setor cooperativista tinha a sua própria entidade representativa.


O cooperativismo no Brasil nos anos 1990


Enquanto o país passa por um turbilhão de emoções, com o Impeachment do presidente Fernando Collor, a eleição de Fernando Henrique Cardoso e o nascimento de nossa moeda mais longeva na história recente, o Real, o cooperativismo seguia em sua jornada de crescimento e reconhecimento.


Nesse contexto, 1995 foi um ano muito especial, com a eleição de Roberto Rodrigues, ex-presidente da OCB, para presidente da Aliança Cooperativista Internacional (ACI), sendo o primeiro não europeu a ocupar o cargo. 


Este acontecimento, histórico, ajudou ainda mais o Brasil a virar um grande protagonista no cooperativismo mundial.

Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop)

Alguns poucos anos depois, em 1998, surge o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).

A instituição é criada com a função de agregar e auxiliar os trabalhos da OCB, ajudando, sobretudo no trabalho de educação cooperativista, que sabemos, é um dos princípios básicos do movimento cooperativista.


O Sescoop é responsável pelo ensino, formação profissional, organização e promoção social dos trabalhadores, associados e funcionários das cooperativas brasileiras, proporcionando uma profissionalização que ajudou muito o Brasil a se tornar uma potência cooperativista mundial.


Representação sindical marca o cooperativismo nos anos 2000


Os anos 2000 chegam, com novos desafios, principalmente com o avanço da tecnologia e a revolução que acontece na comunicação. As cooperativas precisam se atualizar, para continuar o processo de expansão contínua que vem tendo desde o início do século.


Junto com estes novos desafios, surge, em 2005, a entidade que iria responder pela representação sindical das cooperativas. A Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) defende os interesses da categoria econômica, coordenando o Sistema Sindical Cooperativista. E nessa missão, ela conta também com federações e sindicatos de cooperativas.


Conclusão

Desde o seu nascimento, em 1889, até os dias atuais, o cooperativismo brasileiro se expandiu, ganhou experiência e hoje comanda alguns setores da economia no país. Não podemos deixar de mencionar as cooperativas de crédito, com sua importância ímpar em milhares de cidades do país.


As cooperativas agropecuárias, que são responsáveis pelos índices positivos que a economia brasileira apresentou durante muitos anos.


As cooperativas de saúde que salvam o sistema de saúde brasileiro, juntamente com o SUS.


O cooperativismo brasileiro tem muito para se orgulhar. Hoje ele é pulsante, possui um dos sistemas mais modernos e avançados do mundo e não deve nada à iniciativa privada.


E você, conhecia a história do cooperativismo no Brasil?


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Neste artigo vamos conhecer como o cooperativismo chegou ao Brasil e ganhou espaço ao longo do tempo, representando hoje em dia uma grande fatia da economia brasileira.

cooperativismo no brasil

05/09/2022

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