O cooperativismo é um movimento econômico e social dos mais relevantes já criados, sobretudo por oferecer uma alternativa ao sistema capitalista e proporcionar uma gestão de negócios baseada em princípios que buscam a criação de um mundo mais igualitário, justo e benéfico para todos. Nesse sentido, é de primordial importância a educação cooperativista, que busca difundir o conhecimento entre os cooperados, gerando poder e sucesso.

Nesse artigo conheceremos o conceito de educação cooperativista, sua importância para o cooperativismo no mundo e como as cooperativas se transformaram a partir de investimentos na área de educação e formação pedagógica de todos os seus cooperados, e também para o público externo, como os habitantes das comunidades afetadas pelas cooperativas.

Educação cooperativista

São sete os princípios do cooperativismo e dois deles possuem uma relação muito estreita com a educação. Segundo o quinto princípio, as cooperativas possuem o dever de garantir e incentivar a educação e a formação de seus membros, em todos os níveis. 

É com educação, formação e informação que os membros terão cada vez mais capacidade e entendimento para auxiliar na gestão, na tomada de decisões e principalmente, terão cada vez mais voz na sociedade como um todo.

Já o sétimo princípio prega que as cooperativas devem se inserir nas comunidades afetadas por elas, e investir em educação, em projetos sócio-ambientais responsáveis e gerar benefícios e crescimento econômico e social para estas comunidades e seus moradores.

A educação cooperativista está enraizada nestes dois princípios, e tem uma importância muito grande para o crescimento dos ideais cooperativistas, para o empoderamento dos seus cooperados e principalmente, para a construção de um futuro promissor através da educação dirigida a crianças e jovens.

Mas o que seria a educação cooperativista?

Assim, a educação cooperativista pode ser definida como um processo contínuo e permanente de transformação social, de difusão dos princípios que regem o cooperativismo e de empoderamento para as novas gerações de cooperados e de pessoas afetadas pelo ambiente cooperativista.

Educação cooperativista e o foco na formação de pessoas boas

Um dos objetivos da educação cooperativista é influenciar para que as gerações futuras de cooperados cresçam já com uma bagagem cultural, social, econômica e moral consolidada, para que tenhamos cada vez mais pessoas incorporando os ideais cooperativistas.

E quais seriam esses ideais cooperativistas?

A educação cooperativista nasce com a função de transformação, de ensinar os princípios que regem o cooperativismo, e que prega trabalho coletivo, capacidade de cooperação mútua, possibilidade de conviver numa gestão democrática, além de preconizar a autonomia e a independência e o trabalho de intercooperação, que nada mais é que ajudar seus semelhantes e consequentemente ser ajudado por eles também.

A educação cooperativista e os sete princípios 

Os sete princípios do cooperativismo existem desde que a primeira cooperativa foi criada, em 1844, na Inglaterra. Naquele momento, 28 pessoas montaram um armazém para melhorar os acordos de compra de alimentos e assim beneficiar diretamente todos os 28 membros, que sozinhos não conseguiam sequer comprar os alimentos necessários para as suas sobrevivências.

A educação cooperativista trabalha em cima destes ideais:

Adesão livre e voluntária 

Quando se fala em adesão livre e voluntária, precisamos pensar no que leva uma pessoa a aderir a uma cooperativa. 

O desejo de transformar o mundo e transformar por consequência a sua vida é um dos motivos que levam os cooperados ao universo do cooperativismo. 

A educação cooperativista existe para reforçar o pensamento livre e a liberdade de adesão ou não. Um cidadão com conhecimento é um futuro cooperado transformador.

Gestão democrática

A educação cooperativista é influenciada pela ideia de democracia, que nos remete ao sistema de governo que entrega ao povo o poder de decisão e de escolhas. 

E somente a educação fará que o povo seja esclarecido o suficiente para se tornar livre e tomar decisões acertadas.

Participação econômica

E para que essa gestão seja democrática, é importante que todos os membros tenham as mesmas responsabilidades sociais, econômicas, de arcar com os benefícios e com as frustrações da cooperativa. 

A ideia de igualdade é fundamental para que o conceito de gestão democrática funcione na prática e a educação possui uma função transformadora para que os cooperados entendam a importância de co-participação.

Autonomia e independência

Ensinar pessoas a serem independentes e autônomos cria um efeito coletivo que chega até o quarto princípio do cooperativismo, que prega a necessidade das cooperativas serem autônomas nas suas relações externas.

Educação, formação e informação 

Sobre a educação e formação, não imaginamos uma cooperativa que não ofereça cursos de capacitação, que não ofereça formação e informação para todos os seus membros. 

É mais que sabido que conhecimento é poder, então quanto mais conhecimento os cooperados tiverem, maior o poder que aquela cooperativa terá na sua jornada. 

Nesse sentido, a educação cooperativa ganha um papel estratégico para transformar a vida dos cooperados e para proporcionar conhecimento para todos os afetados pela existência daquela cooperativa.

Intercooperação

A educação cooperativista busca criar nas crianças e jovens um sentimento de intercooperação, que permite que as pessoas se ajudem mutuamente, através do lema de que juntos somos mais fortes. 

A intercooperação é um dos princípios mais efetivos no projeto de educação proporcionada pelo cooperativismo.  

Interesse pela comunidade

Por fim, uma cooperativa deve necessariamente se envolver com a comunidade na qual está inserida. 

Entender que o crescimento da comunidade vai ajudar no crescimento contínuo da própria cooperativa é fundamental para que os membros tenham sucesso. 

Esse é um dos princípios que a educação cooperativista mais trabalha, e que é estratégica para que o futuro do movimento seja garantido e com muito mais chances de sucesso.

A educação cooperativista como estratégia para os diversos setores          

Como que o processo de educação dentro das cooperativas acontece? Elas não são desenvolvidas de modo padronizado, porque cada setor cooperativista tem particularidades que devem ser levadas em conta no projeto educacional.

Por exemplo, uma cooperativa de crédito pode desenvolver um trabalho pedagógico de educação financeira e de produção de conhecimento que gere autonomia e independência dos futuros cooperados com relação ao uso e a relação que cada um possui com o dinheiro. Para uma cooperativa de crédito, ter foco na relação saudável e produtiva que cada um dos cooperados tem com a economia vai fazer uma grande diferença no futuro.

Já em uma cooperativa de agropecuária, a educação ambiental e projetos de responsabilidade ambiental podem possuir um valor estratégico muito maior, fazendo com que professores e educadores se voltem para as necessidades de cada cooperativa e de cada comunidade que é afetada por elas.

Ou seja, a educação cooperativista pode fomentar o conhecimento sobre educação financeira, sobre educação ambiental, sobre saúde, sobre a própria educação, e assim plantar sementes para que no futuro tenhamos uma geração de cooperados muito mais conscientes de seu papel no mundo.

Educação cooperativista x educação tradicional

O nosso modelo educacional mais tradicional ainda prega, dentre outros comportamentos, o de superação e o de competição. Processos seletivos evidenciam isso de uma forma mais clara. Nesse sentido, ideias como cooperação ou solidariedade são deixadas de lado, ou colocadas em segundo plano no processo pedagógico.

Nesse sentido, a educação cooperativista pode se diferenciar, e de alguma forma suprir esta brecha e esse vazio deixado pelo sistema tradicional de ensino.

Focado em ideais como o de solidariedade, cooperação, ajuda mútua e trabalho coletivo, a educação cooperativista caminha por uma estrada nova, tal como o cooperativismo busca caminhos diferentes daqueles que o capitalismo escolhe.

Essa busca por uma consciência coletiva em detrimento do pensamento individualista separa a educação cooperativista do sistema padrão e oferece aos cooperados novos caminhos de pensar o futuro e de transformá-lo.

Conclusão

A educação cooperativista é um tema ainda carente de estudos e teorias mais aprofundadas. Entretanto, a sua importância para o cooperativismo existe desde o momento seguinte à criação da primeira cooperativa no mundo.

Entender que o papel da educação cooperativista é estratégico, e envolve pensar fora da caixa, de forma diferente, é meio caminho andado para que tenhamos um futuro promissor quando pensamos no cooperativismo enquanto movimento de transformação social e econômica

.

E você, já pensou sobre isso?

Acesse nosso blog e confira outros conteúdos como este!