Interesse pela Comunidade: 7° Princípio do Cooperativismo
O cooperativismo surge em 1884 na Inglaterra como alternativa ao modelo econômico da época, com base na ideia de lucro, deixando de lado questões sociais e prejudicando quem não possuía tanto dinheiro. O modelo cooperativista, baseado em sete princípios, surge para diminuir essa desigualdade e construir novas relações econômicas. Surge também para melhorar a vida de todos ao redor, e é justamente essa ideia que foca o 7° princípio, o Interesse pela Comunidade.
Neste artigo vamos entender tudo sobre o 7° princípio cooperativista, que envolve o Interesse pela comunidade, e que tem permitido ao cooperativismo exercer a função de movimento transformador de comunidades, gerando benefícios sociais e econômicos bem visíveis para todos que são diretamente ou indiretamente afetados.
Uma breve história do cooperativismo
Como já dissemos, o cooperativismo nasce na Inglaterra, em 1844, quando um grupo de 28 pessoas que não possuíam condições financeiras de comprar alimentos e outros itens para sobreviverem decidem se unir para montar um armazém próprio e assim poder negociar melhores condições de compra com as empresas fornecedoras.
Ou seja, o cooperativismo já nasce com a ideia de cooperação mútua.
Os princípios cooperativistas
O cooperativismo surge já com seus princípios estabelecidos, e eles são estes:
Autonomia e independência;
Educação, formação e informação;
Interesse pela comunidade.
Interesse pela comunidade, o 7° princípio do cooperativismo
Vamos ao sétimo princípio do cooperativismo, que diz o seguinte:
“As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros”.
Como já foi dito anteriormente, o cooperativismo surge como alternativa ao modelo econômico capitalista, que tem no lucro seu grande objetivo, mesmo que não melhore a vida de todos igualmente.
A primeira cooperativa já tinha o objetivo de transformar e melhorar as condições de vidas de todos os cooperados igualmente, ajudando a negociar melhor os valores de compras de alimentos e proporcionando às famílias que não conseguiam comprar alimentos por conta própria uma melhora de vida.
O cooperativismo seguiu com este princípio de ajudar a construir dentro da comunidade ao qual ela faz parte melhores condições de desenvolvimento social, de sustentabilidade econômica e de educação, pilares de uma sociedade mais justa.
Cooperativismo e a transformação social causada pelo 7° princípio
Bem mais de um século após o surgimento do cooperativismo, seus princípios permanecem intactos e cada vez mais as cooperativas buscam novas formas de intervir socialmente e economicamente nas comunidades das quais elas fazem parte.
Atualmente, no Brasil e no mundo, cooperativas de diversos setores buscam construir laços com as comunidades das quais fazem parte e criar ações que possam melhorar a vida tanto dos cooperados quanto do entorno comunitário.
Podemos entender como ações cooperativistas que fazem parte do 7° princípio:
Contratação de pessoal priorizando os membros das comunidades que fazem parte do entorno das cooperativas. Esta é uma ação muito comum e que gera muitos benefícios, pois gera renda para famílias inteiras e melhora a capacidade de consumo das comunidades e fazendo a economia girar;
Existência de um programa de ajuda e de apoio às instituições que prestam serviços sociais nas comunidades, como asilos, creches e outros tipos de projetos;
Estímulo à prática do voluntariado, pelos cooperados, com iniciativas para a construção de projetos que visam melhorar a vida dos habitantes das comunidades;
Processo de coleta seletiva de lixo, que hoje em dia gera benefícios financeiros para comunidades, com a venda de lixo reciclável, e também gera uma consciência ambiental;
Envolvimento direto e indireto em ações promovidas pelas comunidades, como campanha do agasalho, nas estações mais frias, campanhas de Natal, que visam ajudar crianças e famílias mais carentes, dentre outras;
Priorizar empresas fornecedoras que desenvolvam práticas sustentáveis e que tenha responsabilidade social como uma de suas características principais;
Estabelecer programas e ações de doações de alimentos, e muitos outros itens, para as comunidades das quais elas fazem parte, promovendo a ideia de doação a partir da própria experiência;
Promover políticas de inclusão social, como a contratação de funcionários portadores de necessidades especiais;
Promover políticas de igualdade de gênero, contratando mulheres, para todos os setores das cooperativas, incluindo as funções principais.
O cooperativismo e a inclusão econômica nas comunidades
A inclusão socioeconômica é também uma das marcas registradas do cooperativismo. Podemos usar como exemplo as cooperativas de créditos, que oferecem este serviço em comunidades que realmente precisam e que muitas das vezes não tem nenhuma outra opção, nem de bancos estatais, nem de bancos privados.
O cooperativismo do setor de crédito é um dos que mais promovem a ideia de inclusão sócio econômica, gerando novas possibilidades para comunidades inteiras.
Mais de 400 cidades no Brasil possuem crédito somente por causa de cooperativas de crédito.
Outro exemplo que podemos usar são as cooperativas de infraestrutura, que distribuem energia em comunidades que necessitam, e que ainda não possuem o serviço gerado pelas empresas mais tradicionais. As cooperativas acabam atuando em comunidades onde o Estado e as concessionárias tradicionais não atuam diretamente.
Outra ação promovida por cooperativas, independente do setor, e que gera inclusão socioeconômica, é a de contratar funcionários que possuem maiores dificuldades de se inserir no mercado de trabalho tradicional, como ex-detentos e pessoas carentes.
Esses são exemplos de como o cooperativismo gera benefícios sociais para comunidades através de ações econômicas e através de políticas que vem de acordo com o 7° princípio do cooperativismo, que é o interesse pela comunidade.