Diferenças entre Cooperativa de Crédito e Bancos tradicionais
Um dos setores cooperativistas que mais crescem no Brasil é o setor econômico, que envolve basicamente o serviço de crédito e o serviço de banco. Quem tem contato pela primeira vez com o assunto pode se perguntar: quais, afinal, são as diferenças entre uma cooperativa de crédito e os bancos tradicionais?
Neste artigo vamos conhecer um pouco sobre o significado mais geral do cooperativismo para logo depois listar todas as diferenças existentes entre o modelo econômico oferecido pelas cooperativas de crédito e serviço oferecido pelos bancos tradicionais, mais populares, e que já conhecemos há muito tempo.
O cooperativismo
O cooperativismo, que surgiu no ano de 1884, na Inglaterra, nasce como uma alternativa ao modelo econômico da época, o nosso conhecido capitalismo.
Esse novo modelo teve início quando 28 tecelões na Inglaterra resolveram se juntar para conseguir negociar melhores preços de alimentos e produtos. Individualmente eles não conseguiam comprar e acabavam passando necessidades.
Podemos então entender o cooperativismo como uma forma de organização de pessoas, reunidas por um interesse existente em comum (nesse caso a compra de produtos e alimentos), e com o interesse em conquistar objetivos em comum, que eles individualmente teriam muito mais dificuldades para alcançar.
Uma cooperativa pode ser considerada iniciativa sem fins lucrativos, de propriedade coletiva e deve ser composta por, no mínimo, 20 pessoas. As cooperativas de crédito entram nessa mesma estrutura.
O cooperativismo também possui sete princípios que fornecem toda a base do movimento cooperativista:
Autonomia e independência;
Educação, formação e informação;
O cooperativismo de crédito
As cooperativas de crédito são instituições financeiras que possuem basicamente as mesmas funções de um banco tradicional, mas com diferenças que veremos a seguir.
As cooperativas de crédito não possuem caráter capitalista, ou seja, são organizações sem fins lucrativos, proporcionando assim melhores condições para seus associados.
Vamos entender logo de cara uma das principais características das cooperativas de crédito:
Numa cooperativa de crédito os cooperados são clientes e donos ao mesmo tempo, eles são gestores da instituição, que sem finalidade de lucro, busca atender as necessidades de cada um dos associados.
Entendeu?
Mas não há lucro?
Há lucro sim, dentro de outra concepção da palavra promovida pelo cooperativismo.
O excedente é chamado de sobras, e dividido de forma igual entre os cooperados. O lucro aqui não é o objetivo primário, mas acaba sendo consequência de um bom trabalho.
Diferenças entre Cooperativa de Crédito e Bancos tradicionais
Vamos agora entender todas as diferenças possíveis entre uma cooperativa de crédito e um banco tradicional:
Como são formados
Os bancos são sociedades de capital, enquanto que as cooperativas de crédito são sociedades de pessoas.
A função do usuário do serviço
Aqui temos uma das principais diferenças entre bancos e cooperativas de crédito. Enquanto que no modelo bancário mais tradicional os usuários são clientes, correntista, no cooperativismo de crédito os usuários são cooperados, ou seja, eles são um dos donos da cooperativa de crédito.
Nas cooperativas de crédito todos os usuários são cooperados, não existindo pessoas que sejam apenas clientes, como nos bancos tradicionais. Esta é uma exigência legal para a operação da instituição.
Enquanto cooperados, é exigido ou ao menos esperado que todos participem ativamente das decisões da cooperativa, que ocorrem nas chamadas assembleias.
Essas reuniões são realizadas anualmente e nelas são discutidos e votados:
Prestação de contas do ano anterior;
Forma de destinação das sobras ou do rateio das perdas;
Eleição dos sócios que farão parte do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal;
Definição do valor dos honorários a serem pagos aos conselheiros;
Discussões sobre o estatuto social e regimentos internos.
Quem manda
Nos bancos tradicionais há uma relação de poder econômico que envolve as pessoas que possuem mais ações. Ou seja, quem possui mais ações possui maior poder de decisão. No cooperativismo de crédito não há esta relação, e cada associado tem um voto e cada voto possui o mesmo valor em assembleias e outras votações.
Quem decide
Quando falamos de poder de decisão, há uma diferença muito grande entre o usuário dos serviços de bancos tradicionais e usuários de cooperativas de crédito.
Enquanto que no primeiro caso não há nenhuma brecha para tomada de decisões, ou seja, o usuário não influencia em nada nas taxas, preços e etc, no segundo caso todos os cooperados participam das tomadas de decisões sobre política operacional.
Meios de crescimento
Os serviços oferecidos por bancos tradicionais estão inseridos dentro do sistema capitalista, ou seja, eles crescem através da competição gerada entre eles.
Assim o sistema econômico funciona e quem fizer melhor o trabalho avança e quem errar acaba perdendo mercado.
No sistema cooperativista as cooperativas de crédito crescem e se desenvolvem a partir do conceito de cooperação mútua.
Objetivo principal
Sempre que falamos do capitalismo reafirmamos a ideia de que o objetivo primário deste modelo de economia é o lucro. Assim, os bancos tradicionais seguem esta cartilha e tem como objetivo principal o lucro.
Quando pensamos nas cooperativas esta ideia se modifica, pois elas possuem como objetivo administrar os recursos financeiros dos associados de forma vantajosa para todos.
Preços e taxas
Com relação a preços e taxas, os bancos seguem à risca a ideia de lucro. Então suas taxas normalmente são superiores, visando única e exclusivamente o lucro.
Diferente dos bancos, as taxas promovidas pelas cooperativas de crédito podem ser até 20% menores, tendo como parâmetro somente os custos e necessidades de se investir novamente.
Remuneração
Nos bancos há uma estrutura de custos mais cara e tributação de resultados que diminui a remuneração dos depósitos.
Já no modelo cooperativista esta relação se inverte. Há uma estrutura de custo enxuta que pode viabilizar remunerações maiores para depósitos a prazo.
Resultados
Nos bancos tradicionais os resultados (entenda-se os lucros) são repartidos entre os acionistas a partir de cada porcentagem que cada um possui da instituição financeira.
Já no sistema cooperativista os rendimentos positivos são distribuídos entre todos os associados, de acordo com suas respectivas participações.
Relação com a comunidade
A relação da instituição com as comunidades realça as diferenças entre os dois modelos que estamos vendo aqui.
Enquanto que os bancos não possuem nenhum tipo de vínculo com comunidades e nem possuem necessidade em desenvolver trabalhos sociais de cunho sustentável, as cooperativas de crédito precisam seguir à risca os princípios do cooperativismo e assim eles retém os recursos na sua área de atuação (cidade, município), contribuindo com o desenvolvimento local, além de incentivar ações que visam crescer o modelo de economia sustentável.
As semelhanças entre cooperativas de créditos e bancos tradicionais
Sim, nem só de diferenças vivem bancos e cooperativas de créditos. Há algumas similaridades entre os modelos econômicos e vamos listar aqui algumas.
Livre adesão
Abrir uma conta no banco ou se associar a uma cooperativa de crédito depende única e exclusivamente do interesse do usuário em ter a iniciativa.
É preciso que haja livre adesão para que ambos os modelos funcionem de forma saudável, exceto em algumas situações, qualquer tipo de pessoa está livre para se associar a uma cooperativa ou para criar uma conta bancária, seja conta corrente, poupança ou outro serviço financeiro.
Produtos e serviços
Os serviços oferecidos por ambos são basicamente os mesmos, como já dissemos por aqui. Abertura de conta corrente, solicitação de cartões de crédito e débito, seguro, transações, obtenção empréstimo, solicitação de cheque, possibilidade de aplicações financeiras e muito mais.
Os produtos e serviços oferecidos por bancos são os mesmos oferecidos por cooperativas de crédito, o que muda, no geral, é que as cooperativas, devido a sua natureza, tendem a oferecer taxas de juros mais atrativas, como já falamos aqui também.
Garantias e regulações
Tanto bancos quanto cooperativas de crédito precisam ser reguladas pelo Banco Central, que é quem garante a legalidade da instituição perante a sociedade. Já quanto às garantias para investimentos, os bancos são assegurados pelo FGC, o Fundo Garantidor de Crédito. Já as cooperativas de crédito têm uma garantia equivalente, o FGCoop (Fundo Garantidor do Cooperativismo).
Conclusão
Vimos aqui que cooperativas de crédito e bancos tradicionais oferecem os mesmos serviços aos seus usuários, e esta é uma das grandes similaridades que estes possuem.
Entretanto, ao vermos todas as suas características percebemos que ambas são muito diferentes e por isso listamos todas as diferenças existentes entre elas.
E você, já teve contato com alguma cooperativa de crédito?
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